Arquivos de Debates

terça-feira, 12 de abril de 2011

O Sílêncio que assusta





O SILÊNCIO QUE ASSUSTA











◊ Com toda razão, a mídia, em seus diferentes campos de atuação, é considerada o quarto poder. Os outros três são muito bem conhecidos, começando pelo executivo, passando pelo legislativo e terminando com o judiciário. Este quarto poder é o que investiga, divulga, pesquisa e atualiza constantemente o cidadão, dando destaque aos atos importantes dos três primeiros, além de prestar um sem-número de serviços públicos, desde informar as novas descobertas da ciência, até as programações culturais, os assuntos sócio-políticos ou focando e agradando o público feminino com as tendências da moda, da culinária (e as inevitáveis fofocas), ou aumentando o estresse da platéia masculina com o onipresente futebol e, um pouco distanciados, muitos outros esportes, individuais ou coletivos. Há milhares de cadernos, canais, estações de rádio e outros para quase todo tipo de ser humano. Com certeza, utilizando cada vez mais recursos moderníssimos, tecnologias de última geração, imagens de todos os ângulos, aquela câmera lenta que desvenda detalhes, outrora imperceptíveis num determinado lance, ou que coloca a cena da tela bem no nosso colo, como no caso da 3D; é assim possível entreter cada vez melhor o assinante, aquele indivíduo que deseja espairecer, relaxar, torcer, esquecer um pouco a dura realidade do mundo em que vivemos.
◊ No entanto, infelizmente, o aspecto essencial, o alimento, a informação de que realmente necessitamos em nossa caminhada, nos é negado rigorosa e pontualmente. Poderá ser que este poder esteja dependendo por demais dos outros três... Talvez encontre-se de rabo preso, perdendo sua cristalinidade, sua transparência, seu espírito de busca incessante pela verdade. Parece mesmo que já está acomodado, que as polpudas verbas de publicidade – pública e privada –, limitaram sua agilidade, acuidade, ética e, assim, o serviço ao público virou serviço ao poder público (e privado).
◊ Não entrarei aqui no mérito da qualidade dos programas exibidos na TV, na superficialidade, na inutilidade de certas revistas ou na violência servida a toda hora e lugar, ao medo que é espalhado no éter e que contamina quem lê jornais, assiste TV ou ouve rádio.
◊ O que realmente incomoda, o que assusta mesmo é o silêncio, o descaso, a ausência, a invisibilidade. Refiro-me aqui a uma infinidade de assuntos, de técnicas, de recursos disponíveis na Natureza para ajudar a Humanidade em sua caminhada, algo que teimosamente a maioria dos meios, inclusive os que assino regularmente há décadas, insiste em ignorar.
◊ Histórias de superação, de altruísmo, de almas nobres, despertas, compassivas não fazem parte da pauta. Divulgar o sucesso comprovado em estudos de caso de técnicas não invasivas, das terapias espirituais, das curas à distância, da eficácia do perdão ou da EFT, da terapia regressiva, das constelações familiares, das essências florais, da fitoterapia, e de um sem-número de outras aliadas, é praticamente proibido.
◊ Assim, somos todos reféns – como o é o governo – dos laboratórios farmacêuticos, de multinacionais poderosas da indústria alimentícia, de bebidas, de fast-food, que despejam, em nossos corpos, remédios com efeitos colaterais letais, hormônios e fertilizantes; flúor, lítio, alimentos geneticamente modificados, gorduras trans em quantidades absurdas e prejudiciais à saúde.
◊ Imagino que agora pensas que eu surtei, certo? Isso decerto te parece futilidade, contudo é este o ponto, caríssimos. Se questões comprovadas pela ciência não são veiculadas pelas mídia, vais querer que informem ao povo sobre a profundidade de temas mais simples como a corrupção de todos nos dias atuais?
◊ Alôô!... Acorda!
◊ O problema reside no fato de agirmos como se o assunto não fosse importante, que não é da nossa conta, que somos poucos e fracos, que a coisa é grande demais... Que nada podemos modificar... Até quando deixaremos, por exemplo, que os nossos representantes políticos – eleitos através do processo eleitoral – fiquem impunemente agindo sem defender os nossos direitos?
◊ Precisamos urgentemente começar a fazer nossa parte.
◊ Quando precisamos reclamar de algo no Judiciário, necessário se faz contratar um advogado ou defensor público, não é? Estes, então, são tidos como nossos representantes judiciais. Precisam de um instrumento para agir em nosso nome: Procuração.
◊ A questão básica é que, quando achamos que estes não estão nos defendendo direito, arrumamos outro. Então, por quê não agimos igual no que tange ao processo eleitoral?... Será que realmente gostamos de receber, ao final do mês, R$545,00 (quinhentos e   quarenta e cinco reais) ao passo que nossos representantes recebem mais de R$20.000,00 (vinte mil reais) entre salário e mordomias?
◊ Quem pode mais: o patrão ou o empregado?
◊ Quando, finalmente, começaremos a nos posicionar de forma totalmente consciente, conhecendo e valorizando nossos direitos, evitando quando possível o desinteresse tão comum nas pessoas de instrução elevada, mas de alienação política extremada?
◊ Será, realmente, difícil entender que a decisão irresponsável de um interfere na entrega de direitos e na exigência de deveres de outrem?... Não acredito que seja necessária a exigência de sacrifício tamanho para agir com um nível mediano de consciência.
◊ Precisamos ainda fazer e exigir mais, muito mais.
◊ Refiro-me ao descaso, ao desconhecimento do que acontece com teu vizinho, ou mesmo teu amigo.
◊ O cúmulo do desrespeito e da hipocrisia da mídia foi ver a jornalista Fátima Bernardes diante da Escola de Realengo... Faça-me o favor!!!
◊ Por quê este quarto poder não se apresenta para defender o povo?... Estou delirando? Se as grandes mídias são feita para o povo e se o povo paga – mesmo sem saber disso – pela transmissão dos programas, o que falta para fazer o que é certo, o que é justo, o que é legal, mas principalmente, o que é moralmente ético?
◊ Assassinaram Tim Lopes? A Vênus Platinada usou de seus recursos, cobrou alguns favores e prometeu algumas vantagens a muitos para verdadeiramente caçar os assassinos do jornalista... Está errado? Claro que não... O pecado mora ao lado. Ajudar os meus é meu DIREITO, socorrer os outros é meu DEVER. Até que se mudem as leis - já que a Carta Magna deste país é remendada de acordo com a moda partidária -, OMISSÃO é crime.
◊ É obrigatório adentrarmos nas outras dimensões, sem medo, desvendando sua aparente complexidade, aprendendo a navegar sutilmente por entre os planos.
◊ Precisamos cerrar fileiras, assumir nossa força inata, exigir o que é de nosso direito, lutar contra a mentira, a corrupção, a inércia, cobrar das mídias as informações indispensáveis, com pesquisas honestas, profundas, abrangentes e multidisciplinares.
◊ É urgente ainda deixarmos de adquirir produtos nocivos, supérfluos; somos nós que sustentamos essas empresas – cujo objetivo declarado é o lucro máximo a qualquer custo –, que nos consideram meras banalidades estatísticas, que levam em conta quantos celulares temos, quanto e onde gastamos em cartões, ou qual é a marca, modelo e ano de nosso automóvel.
◊ Pode parecer delírio, mas o Universo deseja o nosso comparecimento. A mensagem que intuímos é muito forte e clara. Devemos passar de fase – no Playstation da vida – e realizar com esmero nosso plano original, aquele que juramos cumprir para nós mesmos, nossa família e amigos. Os sinais estão por toda parte. Não há como ignorá-los. Está mais que na hora. Não podemos chegar a fazer como os músicos do Titanic, que ficaram tocando seus instrumentos, como se o navio não estivesse afundando.
◊ É o nosso silêncio que assusta.

sábado, 5 de março de 2011

Segredo de Corrupção

SEGREDO DE CORRUPÇÃO
por Frei Betto (*)



O penitente ajoelhou-se no confessionário. Impossível definir-lhe o rosto através da treliça de madeira. Tinha, porém, a voz nítida:
- “Padre, há anos sou corrupto. Agora, estou arrependido.”
O arrependimento viera de um trauma de família: a filha adolescente aparecera com câncer. Ele fizera a promessa de virar a página das maracutaias. Narrou a sequência de notas frias, achaques, negociatas, propinas, paraísos fiscais, doleiros, evasão de divisas, sonegações e outros crimes do mundo em que vivia.
Perguntei-lhe se aceitava um café na casa paroquial. Não interessava a sua identidade. Queria saber como se faz um corrupto. 
Na copa, detalhou como, ao longo dos anos, aprendera a mandar os escrúpulos as favas:
- “Comecei numa empresa privada, para a qual eu fazia contatos com o poder público. No início, eu nem pensava em pegar dinheiro para o meu bolso. O patrão me convenceu de que os negócios têm regras que nem sempre condizem com a lei. E quem não participa vira Francisco de Assis, santo mas pobre".
- “Eu acertava o contrato da obra, oferecia ao representante do poder público comissão de 10 a 15% do orçamento, marcava as cartas da licitação. Aprendi que, assim, certos políticos fazem seu caixa de campanha. O que custa 100 é aprovado para receber 500, e 200 vão para o caixa dois. Tudo sem nota fiscal, intermediação bancária, assinaturas. Vale o dinheiro vivo. Lucra a empresa, que ganha a obra; lucra o empresário, que superfaturou; lucra o político, pois as campanhas estão cada vez mais caras. E tudo pago pelo contribuinte”.
- “Um dia me dei conta de que até nas pequenas coisas eu virara ladrão: carregava para casa caixas de lapiseiras e material de escritório e informática. O melhor eram as viagens, nas quais eu superfaturava contas de hotéis e restaurantes.”
- “Meu único receio residia em meu padrão de vida. Morava em condições muito confortáveis para o meu nível salarial. Não chegava a ter medo, porque as pessoas são ingênuas, não prestam atenção na desproporção do cargo que ocupamos com o luxo de que desfrutamos. Nem sequer cobram dos políticos e dos partidos transparência nos gastos de campanha. É por isso que a reforma política não sai. E se sair duvido que acabe com o financiamento privado de candidaturas e obrigue todos os políticos eleitos a quebrarem seu sigilo bancário.”
- "É muito dinheiro que vai para o ralo da corrupção. E há pessoas honestas que sabem disso, mas fazem vista grossa porque não ignoram que a corda rompe do lado mais fraco. Há também chefes e chefetes que não sujam as mãos com o dinheiro escuso, mas se apropriam das vantagens sociais e políticas das negociatas. Pagam a conivência com o seu silêncio”.
- “Por que não existe um Disque Corrupção no qual o denunciante não tenha que se expor?” – perguntei.
- "Poderia haver uma “caça as bruxas” alimentada por inescrupulosos interessados em manchar a honra de gente séria” – disse ele. - “Mas garanto que, na peneira, muito graúdo não haveria de passar.”
Indaguei do penitente como pretendia agir daqui para frente. Disse que enviara um relatório-denúncia ao Ministério Público e entregara cópias a jornalistas de sua confiança. E decidira se desfazer de tudo aquilo que fora adquirido em negociatas, favorecendo a manutenção de uma clínica para enfermos de baixa renda.
Ele me autorizou a publicar o relato. Dei-lhe a absolvição após meditarmos sobre o encontro de Jesus com o rico Zaqueu, que entregou metade de seus bens aos pobres e quatro vezes mais a quem havia fraudado (Lucas 19,1-10).

(*) Frei Betto é escritor, autor do romance policial “Hotel Brasil” (Ática), entre outros livros.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Moral

A   MORAL

 


Por André COMTE-SPONVILLE(*)





“Vale mais ser Sócrates insatisfeito que um porco satisfeito; vale mais ser Sócrates insatisfeito que um imbecil satisfeito. E se o imbecil ou o porco têm uma opinião diferente, é porque só conhecem um lado da questão: o seu. A outra parte, para fazer a comparação, conhece os dois lados” (JOHN STUART MILL).


° Estamos enganados acerca da moral. Ela não existe basicamente para punir, para reprimir, para condenar. Para isso há tribunais, polícias, prisões, e ninguém os confunde com a moral. Sócrates morreu na prisão, sendo todavia mais livre que os seus juízes. É talvez aqui que a filosofia começa. É aqui que a moral começa, para cada qual, e recomeça sempre: onde nenhuma punição é possível, onde nenhuma repressão é eficaz, onde nenhuma condenação, pelo moenos exterior, é necessária. A moral começa onde nós somos livres: ela é a própria liberdade, quando esta se julga e se dirige.
° Querias roubar aquele disco ou aquela peça de roupa numa loja... Mas há um vigilante que te observa, ou um sistema de vigilância eletrônica, ou tens simplesmente medo de ser apanhado, de ser punido, de ser condenado... Não é honestidade; é calculismo. Não é moral; é precaução. O medo da autoridade é o contrário da virtude, ou é apenas a virtude da prudência.
° Imagina, pelo contrário, que tens esses anel de que fala Platão, o famoso anel de Giges que te torna invisível quando queres... É um anel mágico que um pastor encontrou por acaso. Basta rodar o anel e voltar o engaste para o lado da palma da mão para a pessoa se tornar totalmente invisível, e rodá-lo para o outro lado para voltar a ficar visível... Giges, que era um homem honesto, não soube resistir as tentações a que este anel o submetia: aproveitou os seus poderes mágicos para entrar no Palácio, seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder e exercê-lo em seu exclusivo benefício... Quem conta a história n'A República (uma das obras de Platão) conclui que o bom e o mau, ou supostos como tais, não se distinguem senão pela prudência ou pela hipocrisia, ou, dito de outra maneira, pela importância desigual que atribuem ao olhar dos outros ou pela sua maior ou menos habilidade em se esconder... Possuíssem um e outro o anel de Giges e nada os distinguiria:  <tenderiam ambos para o mesmo fim>. Isto é sugerir que a moral não é senão uma ilusão, um engano, um medo disfarçado de virtude. Bastaria podermos tornar-nos invisíveis para que qualquer interdição desaparecesse, e não houvesse senão a procura, por parte de cada um, so seu prazer ou do seu interesse egoístas.
° Será isto verdade? Claro que Platão está convencido do contrário. Mas ninguém é obrigado a ser platônico... Para ti, a única resposta válida está em ti mesmo. Imagina, como experiência de pensamento, que tinhas esse anel. Que farias? Que não farias? Continuarias, por exemplo, a respeitar a propriedade dos outros, a sua intimidade, os seus segredos, a sua liberdade, a sua dignidade, a sua vida? Ninguém pode responder por ti: esta questão só a ti diz respeito, mas diz respeito a tudo o que tu és. Tudo aquilo que não fazes, mas que te permitirias se fosses invisível, releva menos da moral que da prudência ou da hipocrisia. Em contrapartida, aquilo que, mesmo invisível, continuarias a obrigar-te ou a proibir-te, não por interesse mas por dever, só isso é estritamente moral. A tua alma tem a sua pedra de toque. A tua moral tem a sua pedra de toque, pela qual te julgas a ti mesmo. A tua moral? Aquilo que exiges de ti, não em função do olhar dos outros ou desta ou daquela ameaça exterior, mas em nome de uma certa concepção do bem e do mal, do dever e do interdito, do admissível e do inadmissível, enfim, da humanidade e de ti. Concretamente: o conjunto das regras as quais te submeterias mesmo que fosses invisível e invencível.
° Será demasiado? Ou será pouco? Cabe a ti decidir. Aceitarias, por exemplo, se pudesses tornar-te invisível, fazer condenar um inocente, trair um amigo, martirizar uma criança, violar, torturar, assassinar? A resposta só depende de ti; tu, moralmente, não dependes senão da tua resposta. Não tens o anel? Isso não te dispensa de refletir, de julgar, de agir. Se há uma diferença mais do que aparente entre um malvado e um homem bom é porque o olhar dos outros não é tudo, porque a prudência não é tudo. Tal é a aposta da moral e a sua solidão derradeira: toda a moral é em relação ao outro, mas de si para si. Claro que agir moralmente é tomar em consideração os interesses do outro, mas <as ocultas dos deuses e dos homens>, como diz Platão, ou, dito de outro modo, sem recompensa nem castigo possíveis e sem ter necessidade, para isso, de outro olhar que não o próprio. Uma aposta? Exprimo-me mal, pois a resposta, mais uma vez, só depende de ti. Não se trata de uma aposta, mas de uma escolha. Só tu sabes o que deves fazer, e ninguém pode decidir por ti. Solidão e grandeza da moral: só vales pelo bem que fazes e pelo mal que te proibes, sem outro benefício que a satisfação - ainda que mais ninguém saiba disso - de fazer bem.
° É o espírito de Espinosa: <Fazer bem e ter alegria>. É apenas o espírito. Como podemos ter alegria sem nos estimarmos ao menos um pouco? E como nos estimaremos sem nos dirigirmos, sem nos dominarmos, sem nos ultrapassarmos? É a tua vez de jogar, como se diz, mas não é um jogo, e ainda menos um espetáculo. É a tua própria vida: tu és, aqui e agora, aquilo que fazes. É inútil, do ponto de vista moral, sonharmos ser outra pessoa. Podemos esperar a riqueza, a saúde, a beleza, a felicidade... É absurdo esperar a virtude. Ser malvado ou bom, cabe-te a ti escolher, somente a ti: tu vales exatamente o que queres.
° O que é moral? É o conjunto das coisas a que um indivíduo se obriga ou que proíbe a si mesmo, não para aumentar a sua felicidade ou o seu bem estar, o que não passaria de egoísmo, mas para levar em conta os interesses ou os direitos do outro, para não ser um malvado, para permanecer fiel a uma certa idéia da humanidade e de si. A moral responde a questão Que devo fazer? - é o conjunto dos meus deveres, ou seja, dos imperativos que reconheço como legítimos - mesmo que, como qualquer pessoa, ocasionalmente os viole. É a lei que imponho a mim mesmo, ou que deveria impor-me, independentemente do olhar do outro e de qualquer sanção ou recompensa esperadas.
° Que devo fazer? e não: Que devem fazer os outros? Eis o que distingue a moral do moralismo. <A moral, dizia Alain, nunca é para o nosso vizinho>: aquele que se ocupa dos deveres do vizinho não é moral, mas moralizador. Haverá espécie mais desagradável? Discurso mais inútil? A moral só é legítima na primeira pessoa. Dizer a alguém: <Deves ser generoso> não é fazer prova de generosidade. Dizer-lhe: <Deves ser corajoso> não é fazer prova de coragem. A moral só vale para nós mesmos; os deveres só valem para nós mesmos. Para os outros bastam a misericórdia e o direito.
° De resto,quem pode conhecer as intenções, as desculpas ou os méritos dos outros? Moralmente, ninguém pode ser julgado senão por Deus, se este existir, ou por si, e isto faz com que uma existência seja suficiente. Foste egoísta? Foste displicente? Aproveitaste-te da fraqueza de outro, da sua fragilidade, da sua ingenuidade? Mentiste, roubaste, violaste? Tu sabe-lo bem, e este saber de ti para ti é o que se chama consciência, e é o único juiz que importa, pelo menos moralmente. Um processo? Uma multa? Uma pena de prisão? Isso é apenas a justiça dos homens: apenas o direito e a polícia. Quantos malvados não há em liberdade? E quantas pessoas de bem na prisão? Podes estar de bem com a sociedade, e não há dúvida de que isso é necessário. Mas não te dispensa de estar de bem contigo mesmo, com a tua consciência, e esse é o único bem de verdade.
° Haveráa então tantas morais quantos os [?] indivíduos? Não. É este o paradoxo da moral: só é válida na primeira pessoa, mas é-o universalmente, ou seja, para todos os seres humanos (pois qualquer ser humano é um <eu>). Pelo menos, é assim que a vivemos. Na práyica, sabemos bem que há morais diferentes, que dependem da educação que se recebeu, da sociedade ou da época em que se vive, dos meios que se frequenta, da cultura em que nos reconhecemos... Não há uma moral absoluta, ou ninguém lhe tem acesso absolutamente. Mas quando me proíbo a crueldade, o racismo ou o crime, sei também que não se trata somente de uma questão de preferência, a qual dependeria do gosto de cada um. É antes de mais nada uma condição de sobrevivência e de dignidade para a sociedade, para qualquer sociedade, ou seja, para a humanidade ou para a civilização.
° Se toda a gente mentisse, ninguém acreditava em ninguém: nem se poderia sequer mentir (pois a mentira supõe a própria confiança que viola) e qualquer comunicação se tornaria absurda ou vã.
° Se toda a gente roubasse, a vida em sociedade tornar-se-ia impossível ou miserável: deixaria de haver propriedade, não haveria bem estar para ninguém nem haveria nada para roubar...
° Se toda a gente matasse, seria a humanidade ou a civilização que correriam para a sua perda: haveria apenas violência e medo, e seríamos todos vítimas dos assassinos que ser[iamos todos...
° Trata-se apenas de hipóteses, mas que nos levam ao coração da moral. Queres saber se esta ou aquela ação são boas ou condenáveis? Pergunta a ti mesmo o que se passaria se toda a gente se comportasse como tu. Por exemplo, uma criança deita a pastilha elástica [no Brasil, goma de mascar] para o passeio: <imagina, dizem-lhe os pais, que toda a gente fazia o mesmo: que sujidade isso não provocaria, que desagradável seria para ti e para todos!>. Imagina, a fortiori, que toda a gente mentia, que toda a gente matava, que toda a gente roubava, violava, agredia, torturava... Como poderias desejar uma humanidade assim? Como poderias querê-la para os teus filhos? E em nome de quê te poderias pôr a margem do que queres? Tens pois de te proibir o que condenarias nos outros, ou então renunciar a julgares-te pelo universal, isto é, pelo espírito ou pela razão. É este o ponto decisivo: trata-se de nos submetermos pessoalmente a uma lei que nos parece ser vpalida, ou deveria ser válida, para todos.
° Tal é o sentido da famosa fformulação kantiana do imperativo categótico, na Fundamentação da metafísica dos costumes <Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que seja uma lei universal>. Trata-se de agir mais segundo a humanidade que segundo o <querido pequeno eu>, e obedecer mais a razão que as inclinações ou aos interesses. Uma ação só é boa se o princípio ao qual se submete (a sua <máxima>) pode, de direito, ser válido para todos: agir moralmente é agir de tal menaira que possas desejar, sem contradição, que qualquer indivíduo se submeta aos mesmos princípios que tu. Isto retoma o espírito dos Evangelhos, ou o espírito da humanidade (encontramos formulações equivalentes noutras religiões), tal como Rousseau enuncia a <máxima sublime>: faz aos outros como queres que te façam a ti. E retoma também, mais modestamente, mais lucidamente, o espírito de compaixão, de que Rousseau, mais uma vez, exprime a fórmula, <bem menos perfeita, mas mais útil talvez que a precedente: Faz o teu bem como o menos mal que for possível causar aos outros>. Isto é viver, pelo menos em parte, segundo o outro, ou melhor, segundo si mas enquanto se julga e pensa. Completamente só, dizia Alain, universalmente... É a moral em si mesma.
° Será necessário um fundamento para legitimar esta moral? Não é necessário nem forçosamente possível. Uma criança está a afogar-se. Tens necessidade de um fundamento para a salvares? Um tirano massacra, oprime, tortura... Tens necessidade de um fundamento para o combater? Um fundamento seria uma verdade incontestável que viria garantir o valor dos nossos valores: isto permitir-nos-ia demonstrar, incluindo aquele que não os partilha, que nós temos razão e ele está enganado. Mas para isso seria necessário começar por fundamentar a razão, e isso não se pode fazer. Haverá alguma demonstração que possa prescindir dos princípios prévios, que teríamos de começar por demonstrar? E, no caso dos valores, haverá um fundamento que não pressuponha a própria moral que pretende fundamentar? Como demonstrar ao indivíduo que pusesse o egoísmo a frente da generosidade, a mentira a frente da sinceridade, a violência ou a crueldade a frente da doçura ou da compaixão, que está errado, e que efeito poderia tal demonstração ter sobre ele? Que importa o pensamento aquele que só pensa em si? Que importa o universal aquele que só vive para si? Por que há-de respeitar o princípio de não contradição aquele que não hesita em profanar a liberdade dos outros, a dignidade dos outros, a vida dos outros? E, para o combater, de que nos serviria ter primeiramente os meios para o refutar? O horror não se refuta. O mal não se refuta. Contra a violência, contra a crueldade, contra a barbárie, temos menos necessidade de um fundamento que de coragem. E, em face de nós mesmos, menos necessidade de um fundamento que de exigência e fidelidade. Trata-se de não sermos indignos do que a humanidade fez de si e de nós. Para que precisamos de um fundamento ou de uma garantia para tal? Como seriam eles possíveis? A vontade basta, e vale mais.
° <A moral, escrevia Alain, consiste em nos sabermos espírito e, a esse título, absolutamente obrigados; pois tal nobreza impõe uma obrigação. Nada mais há na moral que o sentimento da dignidade>. Trata-se de respeitar a humanidade em si e no outro. O que não acontece sem resistência nem sem esforço. Nem sem combate. Trata-se de recusares em ti a parte que não pensa, ou que não pensa senão em ti. Trata-se de recusares, ou pelo menos superares, a tua própria violência, o teu próprio egoísmo, a tua própria baixeza. De quereres ser homem, ou mulher, e de seres digno disso.
° <Se Deus não existe, diz uma personagem de Dostoievsky, tudo é permitido>. Não é verdade, visto que, crente ou descrente, não te permites tudo: nem tudo seria digno de ti!
° O crente que só respeitasse a moral na esperança do paraíso, ou por medo do inferno, não seria virtuoso: seria apenas uma questão de egoísmo e prudência. Aquele que só faz o bem para a sua própria salvação, diz mais ou menos Kant, não faz o bem e não será salvo. Isto quer dizer que uma ação só é moralmente boa na condição de a fazermos, como também diz Kant, sem nada esperar em troca. É aqui que entramos, moralmente, na modernidade, ou seja, no laicismo (no bom sentido do termo: no sentido em que um crente pode ser tão laico como um ateu). É o espírito das Luzes. É o espírito de Bayle, Voltaire, Kant. Não é a religião que fundamenta a moral; pelo contrário, é a moral que fundamenta ou justifica a religião. Não é porque Deus existe que devo agir bem; é por agir bem que posso ter esperança — não para ser virtuoso, mas para escapar ao desespero — de crer em Deus. Não é porque Deus me ordena qualquer coisa que isso é bom; é por um mandamento ser moralmente bom que posso acreditar que vem de Deus. Deste modo, a moral não impede a crença, até conduz, segundo Kant, a religião. Mas não depende desta nem pode ser reduzida a ela. Mesmo que Deus não exista, mesmo que não haja nada depois da morte, isso não te dispensa de fazeres o teu dever, ou seja, de agires humanamente.
° < Não há nada tão belo e legítimo», escrevia Montaigne, <como o homem fazer bem e de acordo com o que é prescrito>. O único dever é ser humano (no sentido em que a humanidade não é somente uma espécie animal, mas uma conquista da civilização), a única virtude é ser humano, e ninguém pode sê-lo em teu lugar.
° Isto  não substitui a felicidade, e é por isso que a moral não é tudo. Não substitui o amor, e é por isso que a moral não é o essencial. Mas nenhuma felicidade a dispensa; nenhum amor é suficiente: o que quer dizer que a moral é sempre necessária.
° É ela que te permitirá, sendo livremente tu mesmo (em vez de ficares prisioneiro dos teus instintos e dos teus medos!), viver livremente com os outros.
° A moral é a exigência universal, ou pelo menos universalizável, que te foi pessoalmente confiada.
° É quando o homem, ou a mulher, fazem bem que ajudam [?] a humanidade a fazer-se. E tal é preciso: ela tem necessidade de ti como tu tens necessidade dela!


(*) André COMTE-SPONVILLE, filósofo materialista - França.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Relação de Crimes em Mossoró 2011

HOMICÍDIOS OCORRIDOS EM  MOSSORÓ/RIO GRANDE DO NORTE
ATÉ HOJE - ANO 2011


Continuação da postagem A LEI DE HAMURABI EM MOSSORÓ DO SÉCULO XXI


Homicídio 26 - O empresário José Breno Cavalcante Bonfada, de 50 anos, foi executado quando chegava em casa por volta das 22h de domingo, dia 20 de fevereiro de 2011, no bairro Walfredo Gurgel, zona leste de Mossoró. Suspeitos teriam roubado pertences da vítima. A Polícia não tem pistas de quem teria praticado este crime.
Homicídio 25 – Moisés Silva, de 23 anos, foi executado com seis tiros no dia 20 de fevereiro de 2011 por dois homens numa moto, no bairro Bom Jesus, zona sul de Mossoró. Moisés morreu a caminho do HRTM. A Polícia apurou no local do crime que Moisés havia matado uma pessoa e desconfia que ele tenha sido vítima de vingança, porém ressaltou que esta é uma das possíveis linhas de investigação que a Policia Civil vai adotar.
Homicídio 24 - O operário Francisco Ribamar Nascimento, 34 anos de idade, foi executado com 4 tiros na cabeça no início da tarde do dia 17 de fevereiro de 2010, na Favela do Forno Velho, margens da BR-405, saída para o município de Apodi. Não teve suspeito preso.
Homicídio 23 - Elimar Alves de Oliveira, 19 anos, foi executado na manhã do dia 11 de fevereiro de 2010 na Rua 6 de janeiro, Bairro Santo Antônio. Não se tem conhecimento quem e o que motivou o crime.
Homicídio 22 - Sávio Sidney Morais Filgueira, de 20 anos, foi encontrado crivado de balas na manhã do dia 11 de fevereiro de 2011 por trás da Creche Tereza Neo, bairro Santo Antônio, zona Oeste da cidade. No local surgiram comentários de Sávio havia praticado um assalto e teria sido executado possivelmente pelas vítimas deste assalto.
Homicídio 21 – Já jovem agricultor João Paulo de Oliveira Santos, de 26 anos, foi morto no dia 10 de fevereiro de 2011, numa estrada carroçável perto do Assentamento Maisa, distante 15 km de Mossoró. O crime aconteceu logo em seguida a execução de Antônio Ferreira. Inclusive o local também foi perto. Os assassinos supostamente teriam sido reconhecidos por João Paulo e o executaram como queima de arquivo. João Paulo morreu no local.
Homicídio 20 – O agricultor Antonio Ferreira da Silva, 51 anos, foi executado (?) na frente do filho, perto do Assentamento Olga Benário, distante 5 km da Maísa, que fica distante 15 km de Mossoró, no final da tarde do dia 10 de fevereiro de 2011. Consta na Policia que o crime foi praticado por dois homens numa moto possivelmente Pop. Eles teriam anunciado assalto e atirado na cabeça da vítima, que ainda saiu com vida do assentamento, mas morreu antes de chegar ao HRTM. 
Homicídio 19 - Foi executado na manhã do dia 7 de fevereiro de 2011 perto da Rua João Damásio, no bairro Belo Horizonte, o desempregado Alan Gledson Gonçalo dos Santos, 19 anos, o Alan Coruja. A vítima ainda foi socorrida pelo SAMU, que o levou ao HRTM, mas já chegou sem vida à unidade hospitalar. Ninguém foi preso, mas quem é público o nome do autor do crime. Trata-se de Vanvan Tucano, que por sinal é amigo de Coruja.
Homicidio 18 - Roberto Dinamiti de Aquino, 26 anos, foi executado no conjunto Rosalândia, perto Conjunto Santa Delmira, em Mossoró, no início da noite de domingo, dia 6 de fevereiro de 2011. Não teve suspeito preso. No horário da manhã, deste mesmo dia, houve uma tentativa de homicídio no Bairro Santo Antônio. A vítima foi atendida no HRTM.
Homicídio 17 - Foi executado o desempregado Francisco Vieira de Melo, 39 anos, residente no birro Santa Helena, zona norte de Mossoró. O crime aconteceu por volta de meia noite do dia 4 de fevereiro, perto da residência da vítima. Homens armados se aproximaram e efetuaram tiros de doze e revolve. Boé, como é conhecido, ainda tentou correr, mas não resistiu e tombou morto. Os assassinos se aproximaram e deram o tiro de misericordia na cabeça.
Homicídio 16 - Foi executado o soldador José Maria dos Reis Silva Rodrigues", de 25, na noite de quarta, dia 2 de fevereiro, no bairro Santo Antônio zona norte de Mossoró. O crime aconteceu perto do Vuco vuco. Nenhum suspeito foi preso.
Homicído 15 - Desempregado Hélio Adriano de Lima, de 22 anos, foi executado às 9h15 do dia 1 de fevereiro de 2011, na Favela do Forno Velho, às margens da BR 405, saída para Apodi, no município de Mossoró. Dois homens numa moto se aproximaram e executaram a vítima com seis tiros. Ninguém foi preso. Janeiro de 2011 
Homicídio 14 - Rubens Ales da Silva, 16 anos, foi executada no conjunto Freitas Nobre, no noite do dia 31 de janeiro. Na mesma ocasião, os assassinos balearam também Nayara Tatiane da Silva, de apenas 9 anos de idade, Francinaldo Dantas da Silva, de 30 ano, Diego de Assis de Lima, de 23 anos de idade. Ninguém foi preso.
Homicídio 13 - Adriana Karoline da Silva, de 13 anos, executada perto do conjunto Freitas Nobre, na zona oeste de Mossoró, no dia 31 de janeiro. Os bandidos queriam matar o namorado dela, Carlos Magno Sabino, de 16 anos, que sofreu tiro no braço e no obdômem. Karoline tomou a frente e levou um tiro na cabeça. Tombou morta no local. Ninguém foi preso. 
Homicídio 12 - Crime aconteceu na rua 6 de Janeiro, número 1444, no bairro Santo Santônio, zona norte de Mossoro. A vítima é Hélio Bezerra da Silva, de 34 anos. Conforme informações passadas pela Policia, a vítima é suspeita de um homicídio em Mossoró. Havia ido embora, mas retornou. Também estaria envolvido com venda de carros de estouro. Nínguém foi preso.
Homicídio 11 - Crime aconteceu as 21h 25 (terça) na rua Wilson Matias de Souza, no bairro Ouro Negro, em Mossoró. A vítima Francisco Anderson de Freitas Gomes, de 17 anos, foi executado com dois tiros, um na perna e outro na região dorsal. A vítima era conhecido por Catatau. Menor suspeito espontaneamente confessou o crime.
Homicídio 10 - "Aldeirton José da Silva", Negão das Peruas, 34 anos de idade, desocupado e morador do bairro Belo Horizonte, foi morto com disparos na cabeça e na região do pescoço e uma cutilada de faca peixeira no abdômen. Crime aconteceu nas proximidades da caixa d'agua do bairro Lagoa do mato em Mossoró. Ninguém foi preso.
Homicídio 09 - Em 17/01/2011 - Flavio A Silva conhecido por "Pelé", foi assassinado a tiros no bairro Barrocas, por desconhecidos. Ninguém foi preso.
Homicídio 08 - Em 16/01/2011 - Ramon Lacerada Calado, 29 anos, foi morto por disparos de arma de fogo quando chegava de motocicleta na residência de um familiar, na Rua das Flores, bairro Belo Horizonte.Ninguém foi preso.
Homicídio 07 - Em 15/01/2011 - Carlos Eduardo Freitas, vulgo "Carlinhos Gordinho", 28 anos de idade, fugitivo da PAMN, foi morto a golpes de faca no quintal de sua residência, no Alto da Pelonha. Ninguém preso.
Homicídio 06 - Em 14/01/2011 - Marcelo Mendonça Germando, o “Boy Marcelo” 16 anos, foi vítima de homicídio na Favela Tranquilim, vítima de vários tiros de revolver, disparados por dois homens ainda não identificados. Ninguém foi preso.
Homicídio 05 - Em 12/01/2011 - Jackson das Chagas Paiva, 27, morador da Rua João Damasio (Favela do BH) foi alvejado com varios disparos de arma de fogo em sua própria residência. Chegou a ser socorrido, mas morreu ao dar entrada no hospital. Ninguém preso.
Homicídio 04, em 09/01/2011. "Pablo Sergison de Andrade, 23 anos. Os acusados chegaram a residência da vitima em um veiculo tipo gol de cor preta e efetuaram vários disparos, matando Pablo na calçada de casa e na frente de seus familiares, no bairro Bom Jardim. Ninguém foi preso.
Homicídio 03 - Em 07/01/2011 - Ricardo Alexandre Ferreira, vulgo "Faustão", foi assassinado quando bebia com um grupo de amigos em um bar localizado no bairro forno velho, as margens BR 405, saída para cidade do apodi. O crime foi elucidado, e um dos que bebiam com Faustão, livrou o flagrante, confessou o crime e aguarda julgamento em liberdade. Ninguém foi preso.
Homicídio 02 - Em 04/01/2011 - por volta de 18h, taxista piauiense José Arnaldo Lopes Filho, de 32 anos, foi executado com tiro na nuca próximo ao Posto Zé da volta 2, área do assenteto Palheio, divisa de Assu com Upanema. Havia infomções qu teria sido em area de Mossoró. A vítima reside em Assu. Estava num Vectra branco, placa MYC 4162. Ninguém foi preso. 
Homicídio 01 - Homicídio por Arma de Fogo em 03/01/2011. Diego Oliveira dos Santos, 22 anos, assassinado na Favela Tranquilim. Autor desconhecido.




Fonte: Cezar Alves, Jornalista e fotojornalista com atuação no Oeste do Rio Grande do Norte, Brasil.

A Lei de Hamurabi em Mossoró do Século XXI


A LEI DE HAMURABI EM MOSSORÓ DO SÉCULO XXI

 


por Cezar Alves (*)



° Não estamos na antiga Mesopotâmia e na nossa presidência não temos Hamurabi - que reinou de 1792 a.C. até sua morte, em 1750 a.C. -, época onde o criminoso era punido conforme o previsto na LEI DO TALIÃO: "Olho por olho, dente por dente". Estamos no Brasil, onde hipoteticamente o que vigora é o CÓDIGO PENAL - que prevê uma investigação criminal, uma denúncia formalizada por um Promotor de Justiça e uma sentença proferida por um Juiz, dando ampla defesa ao réu.
° Assim que deveria ser, mas não o é.
°  Somente em MOSSORÓ - cidade com 259 mil habitantes no Oeste do Rio Grande do Norte - haviam sido registradas 24 execuções somente neste ano de 2011. Outras 23 pessoas foram feridas a bala. Enquanto escrevia este texto - noite de 20 de fevereiro de 2011 - chegou a notícia de mais uma execução na cidade. A vítima foi o empresário JOSÉ BRENO CAVALCANTE BONFADA, de 50 anos, morto a tiros na porta da residência, na zona leste da cidade. Neste mesmo dia, foi executado também MOISÉS DA SILVA, de 23 anos, com seis tiros disparados por dois homens que fugiram n'uma moto, na zona sul da cidade. Pelo que se sabe, um caso não tem qualquer ligação com o outro.
° Em 2008, foram 118 execuções. No ano seguinte, foram 105 execuções. Em 2010, este número chegou a 150.
° Observando o Mapa da Violência 2010, observa-se que, de 2002 a 2007, o número de homicídios no RIO GRANDE DO NORTE aumentou 82,5%, na BAHIA aumentou 89% e em ALAGOAS passou de 100% neste mesmo período.
° Mas por que tantos homicídios? A resposta não vem de um entendido na área de Segurança Pública, que certamente culparia o tráfico de drogas. Porém, a resposta vem de forma cristalina dos números estatísticos dos próprios órgãos públicos:
90% das execuções ocorridas em 2008 não foram solucionadas. O mesmo percentual em 2009 e a mesma coisa em 2010. Das 25 execuções em 2011, nenhum suspeito foi preso.
° Por que estes crimes não são solucionados e os criminosos presos? Primeiro, faltam agentes civis, delegados e escrivãos. O Governo do Estado - Gestões VILMA DE FARIAS (2003 a 2010), do PSB, e ROSALBA CIARLINE ROSADO (2011),  do DEM - não contrata policiais civis há mais de seis anos. Preferiu investir em Polícia Militar e no aluguel de viaturas. Segundo, falta apoio de um serviço de inteligência bem equipado para os poucos agentes civis trabalharem e, por último, não existe perícia forense para dar suporte técnico as investigações. Inclusive, o Instituto Técnico-científico de Polícia (ITEP) - a quem compete as perícias forenses - está em greve.
° Em resumo, diante deste quadro, as investigações não são concluídas. Quando raramente o são, chegam aos TRIBUNAIS sem provas técnicas, obrigando o Ministério Público Estadual a fazer a denúncia contra o réu sem as provas técnicas necessárias para uma condenação exemplar. As vezes, o processo é arquivado por pura ausência de provas.
° A Polícia Civil e Militar têm declarado a imprensa que a onda de execuções em MOSSORÓ -  cuja Prefeita FAFÁ ROSADO é prima da Governadora - se trata, pura e simplesmente, de briga de gangues. Entretanto, observando-se friamente caso a caso, conclui-se facilmente que não é o caso. Em mais de 70% dos crimes, os criminosos chegam de moto, usando capacetes e executam as vítimas a tiros. Quando se procura informações sobre a vítima, percebe-se que esta já cometeu um crime - ou tentou cometer - no passado. Portanto, na maioria dos casos existe um FORTE INDÍCIO de que se trata de VINGANÇA.
° A roda viva é perene. A cada NOVO CRIME, a Polícia - sem estrutura básica para investigar - não prende os pistoleiros e mandantes. Enquanto isso, a FAMÍLIA DA VÍTIMA sabe quem mandou matar e FAZ JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS. Eis que voltamos a LEI DO TALIÃO.
° O cenário de guerra urbana vem se formando ao longo dos anos, com sucessivos casos de injustiça. É um assalto que não foi esclarecido, mas a vítima sabe quem é o AUTOR. É um homicício - ou até outros tipos de crimes - que o ESTADO negligencia na investigação, na denúncia e na punição. Algumas vítimas evitam até procurar o poder público com a justificativa de que nada será resolvido, o que de fato é verdade.
O caso do marceneiro Mateus Bezerra, de 38 anos, ocorrido de agosto a novembro de 2010, ilustra bem este quadro. Talvez um pouco além do necessário. Mateus teve o filho de 17 anos executado por um vizinho devido a uma briga tola entre os dois. Aguardou 25 dias e se quer foi ouvido na Polícia Civil. Se armou e matou o assassino do filho. Os irmãos deste assassino se armaram e executaram Mateus na frente da família. A sogra de Mateus teve um problema cardiovascular e morreu. Seus filhos se armaram e foram matar o assassino de Mateus e da mãe, mas terminaram matando outras duas pessoas que estava na casa destes assassinos. Tudo isto num intervalo de agosto a novembro de 2010.  É provável que este caso ainda resulte em mais mortes, pois em alguns casos, a vingança acontece em acontece em dois ou três anos depois.
° Observando o número de habitantes, o quadro de insegurança no Rio Grande Norte só não é o pior do País, conforme o Mapa da Violência 2010, com o registrado nos Estado de Alagoas e Bahia. E a tendência é piorar, pois os investimentos em segurança pública nestes três estados não contemplam setores da Polícia Judiciária como inteligência e perícia forense. Uma arma que poderia esclarecer a autoria de um crime, por exemplo, ao ser apreendida com um suspeito, sequer passa por um exame balístico, para, através de comparações definirem se este referida arma já foi usada em algum homicídio ou tentativa.
° Diante deste quadro de completa impunidade dos criminosos, não será surpresa nenhuma se os autores da execução do Sr. Breno Cavalcante forem executados nos próximos anos. O caso de Moisés da Silva, também executado no dia 20 de fevereiro de 2011 em Mossoró, segundo as testemunhas contaram a Polícia Militar, já é conseqüência de outro crime que teria sido praticado por Moisés da Silva. E como a família dele sabe de quem se trata, também não será surpresa nenhuma se membros desta família serem executados nas mesmas condições.
° Para reduzir a violência com a atual conjuntura econômica e social, o Estado precisa primeiro reestruturar totalmente a polícia judiciária. O segundo investimento, conforme a Doutora em Educação CLÁUDIA SANTA ROSA, deve ser em educação em tempo integral com escolas construídas em locais amplos, com estrutura de esportes, cultura e lazer, para a criança em sua formação não ficar exposta ao convívio da rua, com acesso a televisão e a internet monitorado. O terceiro setor, conforme o Promotor de Justiça ÍTALO MOREIRA MARTINS, é o prisional. O preso precisa trabalhar na prisão para pagar ao Estado pelo crime cometido, ajudar nas despesas da família e, se for o caso, ter uma chance de resgatar sua própria dignidade como trabalho, evitando assim sair da prisão pior do que entrou. Este seria o caminho para não continuarmos no século XXI a Lei de Hamurabi.



(*) Cezar Alves, Jornalista e fotojornalista com atuação no Oeste do Rio Grande do Norte, Brasil.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

#AbaixoDecreto #CPMFNao #ForaDilma #26FevDiaD

#AbaixoDecreto #CPMFNao #ForaDilma #26FevDiaD

 
 
 
por Ivete Depelegrim Ribeiro (*), no Blog CRITICANDO A MÍDIA.



 
° Sabemos que a Internet no Brasil por ser muito cara ainda não é massiva embora a srª Dilma afirme que irá baixar a mensalidade para que esta chegue a todos os lares brasileiros.
° Será?
° O Topic Trend do Twitter, o popular TT, em 19 de fevereiro de 2011 o #AbaixoDecreto deixava bem claro que as pessoas esclarecidas, com um nível maior de escolaridade, com profissões definidas gritavam em protesto que não aceitam Governo por Decreto nem mesmo a possibilidade de aumentar-se o salário mínimo por decreto pois o Brasil ainda vive uma pseudo democracia, ainda não foi instaurado o regime totalitário às claras e nem vivemos uma monarquia.
° O aumento do salário mínimo passando o mesmo para R$ 545,00 foi um assinte à população que votou na esperança de melhorar seu padrão de vida, mas percebe-se que os deputados elevam seus salários absurdamente sem as desculpas que R$ 35,00 míseros reais arrombam a Previdência Social e as contas do Governo que haverá de gastar bilhões para cobrir o rombo. Vemos partidos ditos do povo, pelo povo (PTB, PC do B, PSB, PDT e PT) votarem contra o povo, contra o trabalhador.
° Mas também percebemos a força e a garra de quem ultimamente foi desmoralizado e praticamente calado por falhas próprias reconhecidas e acertadas mas reduzido por inverdades e difamações de um governo ditatorial que quando Governo Competente e quase perfeito. O PSDB foi sempre barrado pelo partido que hoje é inimigo do trabalhador, o PT, que sempre vetou e veta que propostas sérias, este mesmo partido que hoje chama quem é contra o salário miséria de oportunista e prega a reeleição como necessária para a continuidade de suas práticas malévolas que impedem o país de desenvolver-se.
° A grande mídia apesar de nossos apelos não divulgou nosso grito do #abaixodecretobem como não divulga que o salário mínimo não pode sofrer um aumento maior e digno porque o governo Petista destruiu o financeiro do país. A Internet não chega a todos os lares. Será mesmo que a Srª Dilma deseja abaixar o preço da mensalidade de Internet, investir mesmo em Educação Superior com qualidade, lutar contra o monopólio/ologopólio dos grupos detentores dos veículos massivos de comunicação? A ela importa um povo lúcido, esclarecido e combativo a exemplo do Egito?
° Salve o Dia 26 de Fevereiro de 2011!!!! Outra batalha e fica aqui a torcida pelos Guerreiros do Bem contra os desmandos do PT!!!


(*) Ivete Depelegrim Ribeiro, Estudante de Comunicação Social/Jornalismo - Maceió, Alagoas, Brasil
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